Novos modelos de habitação em Portugal: Flexibilidade, experiência e investimento
- Ana Carolina Santos
- 16 de abr.
- 3 min de leitura
O setor da habitação em Portugal está a atravessar uma transformação profunda. Novos modelos habitacionais, mais dinâmicos e flexíveis, surgem como resposta às mudanças sociais, económicas e demográficas do país. Este post explora as principais tendências, desafios e oportunidades que marcam o presente e o futuro da habitação, com exemplos práticos e uma análise objetiva do mercado atual.
Mudança de paradigma: Habitação para novos estilos de vida
A mobilidade crescente e a transformação dos agregados familiares exigem uma nova abordagem à habitação. O modelo tradicional, pensado para famílias numerosas e estáveis, já não corresponde às necessidades da maioria dos portugueses.
Agregados familiares mais pequenos: Hoje, as famílias são menores e mais diversas, exigindo soluções habitacionais ajustadas.
Mobilidade profissional e pessoal: Os cidadãos mudam-se com maior frequência, pelo que as casas devem adaptar-se a diferentes fases da vida.
Foco na experiência: A habitação deve oferecer mais do que um teto; deve proporcionar conforto, serviços e flexibilidade.
"A mobilidade exige que as casas acompanhem as diferentes fases da nossa vida."
Tendências emergentes: Build to Rent e Flex Living
Build to Rent (BTR)
O modelo Build to Rent, já consolidado noutros mercados europeus, começa a ganhar expressão em Portugal. Consiste em edifícios construídos especificamente para arrendamento, geridos por operadores profissionais que garantem qualidade, manutenção e serviços.
Resposta à escassez de oferta: O BTR surge como alternativa à compra, facilitando o acesso à habitação.
Gestão profissional: Os edifícios são mantidos por equipas especializadas, assegurando padrões elevados.
Exemplo prático: Projetos em Lisboa e Porto já estão em desenvolvimento, com foco em localizações estratégicas e integração de serviços.

Flex Living
O conceito de flex living propõe soluções híbridas, adaptáveis a diferentes durações de estadia e perfis de utilizador.
Estadias médias e curtas: Unidades habitacionais flexíveis, com licenças de aparthotel, destinam-se tanto a residentes temporários como a turistas.
Serviços incluídos: Espaços mobilados, wifi, limpeza, manutenção e amenities como ginásio ou cozinha partilhada.
Exemplo prático: Residências de estudantes e projetos de habitação flexível em Lisboa, com investimento internacional significativo.

O papel do investimento e da escala
A resposta à procura habitacional passa, cada vez mais, pela atração de investimento institucional e pela criação de projetos de maior escala.
Projetos de pequena e média dimensão: Continuam a ser o motor da oferta, sobretudo para a classe média.
Escala e localização: O capital institucional procura projetos de grande dimensão, muitas vezes fora do centro das cidades, onde o custo do solo é menor.
Integração com infraestruturas: A mobilidade entre periferias e centros urbanos é fundamental para o sucesso destes projetos.
"A localização é absolutamente crucial para responder à procura da classe média real."
Diferenciação pela experiência e serviços
Num mercado competitivo, a diferenciação faz-se pela experiência oferecida ao residente. O simples alojamento já não é suficiente.
Amenities e serviços: Ginásio, espaços de coworking, áreas comuns, segurança, manutenção e receção permanente.
Modelo tudo incluído: Preços ajustados que englobam todos os serviços, facilitando a gestão e a vida dos residentes.
Investimento em marca: A solidez do projeto depende do posicionamento e reputação junto dos clientes.
Segmentos específicos: Residências de estudantes e Senior Living
Residências de estudantes
Procura crescente: Estudantes nacionais e internacionais procuram soluções modernas, bem localizadas e com serviços integrados.
Foco na experiência: Mais do que alojamento, procuram vivências e integração na cidade.
Influência familiar: Em Portugal, os pais ainda têm um papel relevante na escolha da residência.
Senior Living
Tendência em crescimento: O envelhecimento da população exige respostas diversificadas.
Modelos diferenciados: Independent Living, Assisted Living e soluções para cuidados especializados.
Serviços complementares: Oferta de fisioterapia, bem-estar, estética, cabeleireiro e acompanhamento clínico.

Desafios atuais do mercado habitacional
Apesar das inovações, persistem desafios estruturais:
Preços elevados de compra e arrendamento
Escassez de habitação acessível
Custos de construção e solo elevados
Concorrência intensa por ativos e terrenos
Pressão sobre as margens operacionais dos operadores
Para refletir
A habitação em Portugal está a evoluir para modelos mais flexíveis, dinâmicos e centrados na experiência do utilizador. O futuro passa por soluções inovadoras, integração de serviços e uma abordagem mais aberta à mobilidade e à diversidade dos estilos de vida. Investir em diferenciação, qualidade e localização será determinante para responder à procura real do mercado.